Mulheres Indígenas Dão Voz à Saúde e Sustentabilidade em Diálogo Nacional

24 de Setembro de 2025

 

1

 

Campo Grande, MS – Vozes femininas de diferentes biomas do Brasil estão se unindo para transformar o futuro da saúde indígena. A Fiocruz Mato Grosso do Sul, em parceria com a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), segue promovendo uma série de oficinas de consulta com mulheres indígenas, reunindo saberes ancestrais e ciência para fortalecer políticas públicas de saúde.

 

A ação faz parte da pesquisa "Saúde, Sustentabilidade e Controle Social", financiada pelo edital INOVA/FIOCRUZ. O projeto dá continuidade ao curso Participação e Controle Social em Saúde Indígena – coordenado pela pesquisadora Raquel Scopel, em parceria com a APIB e o Campus Virtual Fiocruz – que já vem formando lideranças para ocuparem os espaços de decisão em saúde.

Conheça o curso: https://campusvirtual.fiocruz.br/gestordecursos/hotsite/partsocialsaudeindigena

 

Da Aldeia para o Mundo

Antes das oficinas online, uma etapa fundamental foi realizada: a pesquisa etnográfica em campo, conduzida por sete pesquisadoras indígenas Guarani, Kaiowá e Terena. Elas foram às aldeias ouvir de perto as mulheres, compreender suas inquietações e registrar a relação entre saúde, território e cultura.

“Essas escutas mostraram como cada território tem desafios e perspectivas únicos. Percebi que é urgente ampliar os espaços de escuta e de participação social. As mulheres têm muito a contribuir sobre saúde, maternidade, bem-estar e os problemas que enfrentam diariamente.”

– Lúcia Pereira, mulher Guarani Kaiowá da aldeia Guapo’y em Amambai-MS, pesquisadora na Fiocruz Mato Grosso do Sul e membro da coordenação colegiada do projeto.

 

Representatividade Feminina como Transformação

“Os espaços de controle social na saúde indígena ainda são majoritariamente masculinos. Ao ouvirmos as mulheres, percebemos que elas trazem novos temas e soluções que enriquecem o debate e podem tornar as políticas mais eficientes e sensíveis às necessidades reais. A participação social é uma estratégia que pode melhorar a qualidade de vida e resolver problemas de saúde de forma mais efetiva. Precisamos de mais mulheres nesses espaços.”

– Raquel Scopel, pesquisadora da Fiocruz Mato Grosso do Sul e coordenadora do projeto

 

Sabedoria Ancestral e Futuro Sustentável

“Valorizar a participação das mulheres indígenas é reconhecer direitos e construir uma sociedade mais justa. A visão delas é holística – conecta saúde, terra, plantas, comunidade e ancestralidade. Além disso, traz uma agenda própria de problemas e soluções para o cotidiano. Ao levar essa perspectiva para conselhos e comitês de políticas públicas, garantimos soluções culturalmente adequadas e eficazes para todos.”

– Daniel Scopel, pesquisador na Fiocruz Mato Grosso do Sul e da UFMS e membro da coordenação colegiada do projeto.

 

 

Próximos Passos

As oficinas seguem nos próximos dias, envolvendo mulheres de outros biomas. A expectativa é que o movimento resulte em propostas concretas para fortalecer o protagonismo feminino indígena na formulação de políticas de saúde.

 

A mensagem das organizadoras é clara: a saúde coletiva só se constrói com diálogo, participação e respeito à diversidade cultural. E, neste caminho, as mulheres indígenas estão mostrando que são protagonistas de um futuro mais saudável e sustentável.