
A Fiocruz Mato Grosso do Sul promoveu, no dia 9 de maio, uma reunião estratégica com representantes da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), do Ministério da Saúde e de instituições acadêmicas e gestoras envolvidas em vigilância em saúde. Realizado no Parque Tecnológico de Campo Grande (Parktec CG), o encontro teve como foco a troca de experiências sobre Vigilância Baseada em Comunidade (VBC) aplicada a emergências de saúde pública, especialmente em territórios atravessados pela Rota Bioceânica.
A atividade integrou o projeto Ecos da Rota, coordenado pela pesquisadora Dra. Sandra Leone, que avalia o uso de inteligência artificial e a atuação de lideranças comunitárias na detecção precoce de eventos de saúde pública. Financiado pelo Instituto Melinda e Bill Gates via CNPq, o projeto está sendo implementado em regiões de Mato Grosso do Sul impactadas pela rota de integração internacional.
A programação foi aberta pela diretora da Fiocruz MS, Jislaine de Fátima Guilhermino, e pela diretora do Parktec CG, Adriana Tozetti, que destacaram a importância da articulação entre ciência, território e políticas públicas de vigilância.
Representando a OPAS, a consultora Josy Silva apresentou o projeto PROTECT, que busca otimizar a resposta a pandemias por meio do engajamento de comunidades da região amazônica e de áreas de fronteira. A iniciativa vem sendo articulada com instituições nacionais para identificar sinergias e possíveis integrações com projetos em curso no Brasil.
O epidemiologista Jonas Lotufo, da Universidade de Brasília (UnB) e da ProEpi, compartilhou a experiência do projeto Guardiões da Saúde – Líderes Comunitários, desenvolvido em municípios de Goiás, no Distrito Federal e em Cabo Verde. Ele destacou a importância da participação ativa de moradores na geração de alertas e na sustentabilidade das ações.
O psicólogo Sami Nayef, da Rádio Blink, apresentou uma iniciativa local que alia comunicação comunitária e vigilância participativa. Ele demonstrou como a linguagem acessível e a presença do rádio nas comunidades pode fortalecer redes de confiança e engajamento na promoção da saúde.
No período da tarde, a pesquisadora Sandra Leone detalhou os fundamentos do projeto Ecos da Rota, ressaltando o uso de ferramentas tecnológicas simples, como o WhatsApp, para fortalecer o elo entre comunidades e centros formais de vigilância, como o CIEVS.
O professor Samuel Ferraz (UFMS) explicou o funcionamento das soluções computacionais em desenvolvimento, enquanto Vanessa Aquino, do CIEVS de Campo Grande, relatou aspectos práticos e desafios na implementação da vigilância baseada em comunidade.
A técnica Kaciane Mochizuke, da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Murtinho, abordou a importância do letramento em saúde e do letramento digital para o uso efetivo das ferramentas pelas lideranças locais.
A reunião reuniu representantes da Fiocruz MS, UFMS, Fiocruz Brasília, UnB, SES/MS, SMS de Campo Grande e Porto Murtinho, CIEVS nacional e regional, além da OPAS, e encerrou com um espaço para construção coletiva de propostas e articulações futuras.