Articulação é a receita da Fiocruz Mato Grosso do Sul para alcançar sustentabilidade e resultados

5ª edição da Fiocruz Amazônia Revista
07 de Fevereiro de 2023

TEXTO E FOTO POR: Marlúcia Seixas

Em dezembro de 2011, foi oficialmente inaugurada a Fiocruz Mato Grosso do Sul, uma Unidade que nasceu do anseio do povo sul-mato-grossense e que teve à frente autoridades do Estado, que viram na política federal de expansão e regionalização das atividades de ciência e tecnologia, uma oportunidade para implantar uma unidade da Fiocruz em Campo Grande.

Muito antes da sua inauguração, a Unidade já estava sendo pensada, especificamente desde 2008 quando foi realizado em Bonito (MS) um Seminário da Fiocruz, do qual participaram autoridades da área de Saúde do Estado, representantes de instituições de ensino e pesquisa, gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) da Região Centro-Oeste, e dirigentes e técnicos da Fiocruz do Rio de Janeiro. O foco foi discutir como seria a atuação de uma unidade da Fiocruz no Mato Grosso do Sul, considerando para tal as necessidades regionais e a vocação da Fundação na área da pesquisa, ensino e produção de insumos para a Saúde

Durante esse Seminário foram identificados quatro eixos essenciais e que hoje norteiam o trabalho da Fiocruz na região: Meio Ambiente e Saúde: Biodiversidade e Agronegócio; Saúde das Populações Indígenas; Saúde e Sociedade; e Saúde das Populações em Situação de Vulnerabilidade. A partir dessas áreas temáticas, foi definido o passo seguinte que levou ao detalhamento das demandas locais, tendo em conta as especificidades regionais.

Equipe Fiocruz
Colaboradores da Fiocruz Mato Grosso do Sul

A implantação da Fiocruz Mato Grosso do Sul faz parte do macroprojeto ‘Presença nacional da Fiocruz: Rondônia, Mato Grosso do Sul, Ceará e Piauí’, que possibilitou a expansão da Fundação nesses Estados, a partir de uma propositura do VI Congresso Interno da Fiocruz.

A missão, visão, valores e objetivos institucionais da nova Unidade foram discutidos na II Oficina de Planejamento Estratégico da Fiocruz Mato Grosso do Sul.

Com sua inauguração, outros desafios surgiram, mas estão sendo vencidos graças às parcerias conquistadas e à capacidade de articulação da equipe que assumiu a gestão da Fiocruz Mato Grosso do Sul.

“Buscamos potencializar o processo de articulação intersetorial, interinstitucional e intrainstitucional, por meio da integração com as Unidades do Sistema Fiocruz, especialmente aquelas que enfrentam desafios e oportunidades similares em seus territórios. Assim, em parceria também com a sociedade podemos desenvolver estratégias que fazem frente à complexidade sociocultural, econômica, ambiental e de condições de saúde da nossa região e de nosso país”, comentou Jislaine de Fátima Guilhermino, responsável pelo Escritório da Fiocruz em Mato Grosso do Sul.

Pesquisas

Hoje, a Fiocruz Mato Grosso do Sul desenvolve pesquisas nas quatro áreas temáticas e sua atuação é marcada pelos resultados alcançados e pelo trabalho integrado com diversidades entidades.A pesquisadora da área de Saúde dos Povos Indígenas, Renata Piccoli, falou à Fiocruz Amazônia Revista sobre a importância da participação do pesquisador em grupos, câmaras e conselhos para o desenvolvimento da pesquisa na região.

“O desafio primeiro é que nós vivemos em uma região que é de intenso conflito territorial. E aí quando a gente fala de saúde, o desafio na área da saúde dos povos indígenas, que é uma das áreas que eu tenho atuado, é ainda a mortalidade materna e a mortalidade infantil, que são importantes indicadores da área da saúde, definidos pelos Objetivos do Milênio, agora, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, como áreas prioritárias para a definição de estratégias para diminuir essa razão e coeficiente de mortalidade materno e infantil”, destacou Renata, ao lembrar que no Mato Grosso do Sul essa articulação é feita com o Comitê Estadual de Prevenção de Mortalidade Materna e Infantil, no qual a Fiocruz tem assento, para discutir os casos de óbitos e propor estratégias para minimizar a situação.

O esforço para alcançar a sustentabilidade na pesquisa é um dos caminhos percorridos pela gestão e pesquisadores da Fiocruz Mato Grosso do Sul, o que os leva a atuar em constante colaboração institucional, especialmente por conta da fronteira seca que facilita aos pesquisadores fazerem estudos e expedições.

Mas a fronteira também gera preocupações. A pesquisadora Zoraida Grillo defende que se faça uma vigilância mais aprimorada nas fronteiras e que isso não vale apenas para o Mato Grosso do Sul, mas para outras regiões de fronteira onde se tem unidade da Fiocruz.

“Estamos elaborando uma proposta junto com diretores e pesquisadores de outras unidades que estão em área de fronteira para vermos de que forma as secretarias de saúde das cidades e dos outros países podem contribuir com a Fiocruz para termos protocolos homogeneizados e padronizados”, defendeu Zoraida Grillo, “até para que se possa dar uma resposta mais rápida para a população”.

A área de ensino também está focada na realidade local, e assim a Fiocruz Mato Grosso Sul tem oferta de cursos de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família, Vigilância em Saúde, Gestão da Saúde do Sistema Prisional, e mestrado profissional em Saúde da Família, entre outros.

Para contribuir com a gestão institucional, a área de Tecnologia da Informação da Fiocruz/MS tem se empenhado na busca e oferta de produtos que atendam às necessidades da Unidade, como o desenvolvimento de um softwarede registro de presença que está sendo liberado para outras unidades regionais. Da mesma forma, está sendo desenvolvido um aplicativo para a biblioteca, que irá atender ao Ensino.

“Como somos poucos na Fiocruz Mato Grosso do Sul, conhecemos o trabalho dos colegas, identificamos suas necessidades e conseguimos enxergar soluções simples, que não têm custo financeiro, mas que se tornam possíveis para resolver demandas”, disse Júlio Coimbra, da Gerência de Redes.

Com cerca de 30 trabalhadores entre servidores, terceirizados e bolsistas, a Fiocruz Mato Grosso do Sul busca superar seus entraves de espaço e pessoal para apresentar resultados relevantes em suas áreas de atuação.

“Tentamos superar ao longo dos últimos anos as f ragilidades da nossa inf raestrutura, do parque instrumental e dos recursos financeiros para pesquisa. Ainda assim, apresentamos resultados importantes tanto na geração de conhecimento quanto na formação de profissionais de saúde para o SUS”, reconheceu Jislaine Guilhermino.

Clique aqui para acessar o link da Notícia de Lançamento da revista

Clique aqui para efetuar download da Revista em PDF com a notícia Original