Estudo comprova eficácia de vacina contra dengue em adolescentes

24 de Setembro de 2025
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Publicado na revista The Lancet Infectious Diseases nesta terça-feira (19/8), um estudo internacional inédito comprovou a eficácia da vacina TAK-003 (Qdenga®) em adolescentes. A pesquisa foi conduzida no Brasil por pesquisadores da Fiocruz e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) durante a epidemia histórica de dengue que atingiu o Brasil em 2024, que, segundo o Ministério da Saúde, matou mais de 6 mil pessoas. Em 2024, a Dengue foi a doença infecciosas com maior número de óbitos superando a COVID-19 e tuberculose no Brasil. A vacina foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para pessoas de 4 a 60 anos e introduzida no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2023, com atual aplicação focada inicialmente em adolescentes (10 a 14 anos).

Para a análise, foram verificados mais de 92 mil testes de jovens na faixa etária em foco no estado de São Paulo. “Os resultados mostram que uma única dose já oferece 50% de proteção contra casos sintomáticos de dengue e 67,5% contra hospitalizações. A segunda dose aumentou a eficácia contra sintomas para 61,7%. A proteção começa já a partir do oitavo dia após a aplicação da primeira dose, um dado crucial para uso emergencial em surtos”, destaca o pesquisador da Fiocruz Mato Grosso do Sul e coordenador do estudo, Júlio Croda.

Segundo o pesquisador, essa é a primeira evidência de vida real, para além dos ensaios clínicos, demostrando que a vacina TAK-003 (Qdenga®) é eficaz na proteção para o sorotipo 1 e 2 no estado de São Paulo. “A ampliação da vacinação para dengue é uma estratégia que combinada com outras intervenções como educação, controle vetorial e Wolbachia pode reduzir óbitos por dengue no Brasil durante epidemias”, afirma Croda. A investigação teve apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e colaboração de instituições mundiais como o Instituto de Saúde Global de Barcelona, a Universidade de Yale, a Universidade Johns Hopkins e a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo Emory University.

A pesquisa utilizou o método “teste-negativo” (padrão em estudos que avaliam a efetividade de vacinas) e cruzou dados de vigilância epidemiológica com registros de vacinação. Com a expansão da dengue impulsionada pelas mudanças climáticas, a evidência brasileira pode influenciar políticas públicas e recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para uso da TAK-003 em campanhas emergenciais e proteção de viajantes para áreas endêmicas.

O estudo confirmou que vacina é eficaz contra os sorotipos 1 e 2 da doença, predominantes na epidemia de 2024. Os achados reforçam a importância de ampliar a vacinação no Brasil e no mundo, especialmente em áreas de alta transmissão e que necessitam de respostas rápidas devido a emergências.
A análise também apontou que a proteção da primeira dose diminui após 90 dias. Isso traz à tona a necessidade de completar o esquema de duas doses do imunizante para garantir a proteção prolongada.