Fiocruz Mato Grosso do Sul participa de triagem inédita para tuberculose em penitenciária no RS

28 de Julho de 2025

 

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A Fiocruz Mato Grosso do Sul integra uma das maiores ações de triagem em massa já realizadas no sistema prisional do Rio Grande do Sul. A iniciativa acontece na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (PEVA) e faz parte do projeto de pesquisa e extensão “Triagem em Massa – Quebrando Barreiras: Comunidade Prisional na Luta Contra a Tuberculose”, coordenado pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), com apoio das Secretarias Estaduais da Saúde e de Sistemas Penal e Socioeducativo.

A Fiocruz MS contribui com a realização do teste IGRA (Interferon-Gamma Release Assay), utilizado para diagnóstico de infecção latente por tuberculose, sob a coordenação do médico infectologista e pesquisador da instituição, Dr. Júlio Croda. O projeto também envolve o uso de tecnologias como raio-X portátil com inteligência artificial e testes moleculares rápidos para tuberculose ativa, além da testagem para HIV, sífilis e hepatites virais.

“A população privada de liberdade tem uma das maiores cargas de tuberculose no país. Quando atuamos com diagnóstico precoce e tratamento dentro das prisões, também reduzimos significativamente a transmissão da doença na comunidade. Essa triagem é um passo essencial para interromper essa cadeia de transmissão”, destaca Júlio Croda, da Fiocruz MS.

A ação tem como meta atender 100% da população da unidade e reúne mais de 20 profissionais, entre servidores da Polícia Penal, trabalhadores da saúde prisional, pesquisadores, bolsistas, intercambistas e integrantes da Fiocruz Mato Grosso do Sul.

Coordenadora do projeto pela Unisc, a professora Lia Possuelo destaca o ineditismo e a relevância da iniciativa para as políticas públicas:

“Estamos quebrando barreiras históricas no acesso à saúde dentro do sistema prisional. Essa ação conjunta, com uso de tecnologia de ponta, vai permitir não só o diagnóstico e tratamento imediato, mas também a produção de dados que podem influenciar decisões políticas em saúde prisional”, afirma Lia.

Segundo dados do próprio projeto, a tuberculose nas penitenciárias pode ter uma incidência até 68 vezes maior do que na população geral, tornando urgente a adoção de estratégias estruturadas e intersetoriais. As condições de superlotação, ventilação precária e abandono de tratamento favorecem a transmissão contínua da doença.

“A cadeia de transmissão ultrapassa os muros das penitenciárias. Investir em saúde prisional é também uma forma de proteger a saúde pública como um todo”, reforça Croda.

A expectativa é que os resultados desta ação embasem novas estratégias de vigilância, prevenção e cuidado com as pessoas privadas de liberdade, contribuindo para uma resposta mais eficiente e humanizada frente à tuberculose e outras doenças infecciosas.

 

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