Fiocruz Mato Grosso do Sul avalia assistência pré-natal e desfechos em mulheres indígenas e seus filhos após um ano de vida

14 de Outubro de 2024

Uma pesquisa conduzida pela Fiocruz Mato Grosso do Sul revelou desigualdades no acesso e na qualidade da assistência pré-natal oferecida à mulher indígena, no estado. O estudo, aprovado no edital das Políticas Públicas, Modelos de Atenção e Gestão do Sistema e Serviços de Saúde (PMA), foi realizado de novembro de 2021 a agosto de 2022, e investigou a cobertura e a qualidade da atenção pré-natal e parto para essa população.

Os pesquisadores entrevistaram 467 mulheres indígenas em 10 municípios do estado, incluindo Dourados, Amambai, Caarapó, Campo Grande, Aquidauana, Miranda, Sidrolândia, Iguatemi, Antônio João e Tacuru. A amostra incluiu principalmente mulheres das etnias Guarani e Kaiowá (63,4%) e Terena (33,8%), sendo a maioria residente em aldeias (86,1%) e realizando o pré-natal em Unidades Básicas de Saúde Indígena (85,7%).

A análise dos dados mostrou que aproximadamente metade das mulheres (51,5%) recebeu sete ou mais consultas de pré-natal, enquanto 37,2% tiveram entre quatro e seis consultas e 11,3% tiveram menos de três consultas ou nenhuma. Esses números indicam um baixo acesso à assistência adequada, o que pode aumentar o risco de complicações para a saúde materna e infantil. Além disso, 66,3% das mulheres iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre, enquanto 33,7% começaram no segundo ou terceiro trimestre.

A coordenadora do estudo, Renata Picoli, destacou que as dificuldades de acesso ao pré-natal, especialmente para aquelas que iniciaram o acompanhamento tardio, refletem desafios na organização do Sistema de Atenção à Saúde Indígena (SASI). Ela apontou que as vulnerabilidades sociais, como conflitos territoriais e iniquidades em saúde, contribuem para as fragilidades na assistência pré-natal.

Para dar continuidade ao acompanhamento dessas mulheres e seus filhos, a Fiocruz iniciou um estudo de coorte prospectiva em fevereiro de 2023. Pesquisadores visitaram 11 aldeias no estado, avaliando 227 mulheres e 229 crianças, com o objetivo de monitorar a saúde e nutrição durante o primeiro ano de vida, além do acesso aos programas e serviços de saúde.

As visitas incluíram entrevistas para avaliar o atendimento e o acesso a programas de registro civil, transferência de renda, segurança alimentar e saúde, além de exames de peso, altura, hemoglobina, pressão arterial e glicose.

Este estudo inédito pode fornecer informações sobre as condições de saúde das mulheres e crianças indígenas, subsidiando políticas públicas que atendam às necessidades dessa população. Os dados completos desta pesquisa estarão disponíveis no relatório final.

Os pesquisadores continuam a realização do estudo no segundo ano de vida da criança, e a partir da análise desses dados, irão avançar na proposta da Linha de Cuidado Materno Infantil indígena em Mato Grosso do Sul.

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